terça-feira, 8 de janeiro de 2008

São Miguel


O Poder de São Miguel.

“Quem como Deus?”

Travou-se um combate no Céu: Miguel e os seus Anjos lutaram contra o Dragão. O Dragão e os seus anjos lutaram também, mas foram derrotados e perderam o seu lugar no Céu para sempre. Foi expulso o enorme Dragão, a antiga serpente, aquele que chamam Diabo e Satanás, que seduz o universo inteiro foi precipitado sobre a terra e os seus anjos foram precipitados com ele. Depois ouvi no Céu uma voz poderosa que dizia: «Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e a autoridade do seu Ungido, porque foi precipitado o acusador dos nossos irmãos, aquele que os acusava dia e noite diante do nosso Deus. Eles venceram-no, graças ao sangue do Cordeiro e à palavra do testemunho que deram, desprezando a própria vida, até aceitarem a morte. Por isso, alegrai-vos, ó Céus, e vós que neles habitais». (Apocalipse 12, 7-12ª)

“Miguel” em hebraico Mi-kha-el quer dizer “quem como Deus?”.
Era o protetor do antigo povo de Deus (Dan 10, 13.21), e que aparece agora como patrono e defensor da Igreja, o novo povo de Deus.

“O Dragão”. É identificado, com a “antiga serpente” que tentou os primeiros pais, por isso se chama antiga; é “aquele que chamam Diabo e Satanás”. Diabo é um nome grego correspondente ao hebraico Xatan (aramaico xataná), que significa caluniador, acusador, adversário.

“Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) no ares” (Ef 6,11-12).

A indicação que São Paulo fala dos demônios é muito precisa, porque os chama com o nome de sua ordem de classificação.
O diabo, como todo o mundo angélico ao qual fazia parte, é um espírito; não possui um corpo, não é sensível, deve se servir de uma forma fictícia, que assume de acordo com o que vai provocar. (Padre Gabriele Amorth).

O grande comentador das Sagradas Escrituras, Pe. Cornélio a Lapide, jesuíta do século XVI, escreve:
"Muitos julgam que Miguel, tanto pela dignidade de natureza, como de graça e de glória é absolutamente o primeiro e o Príncipe de todos os anjos. E isso se prova, primeiro, pelo Apocalipse (12, 7), onde se diz que Miguel lutou contra Lúcifer e seus anjos, resistindo à sua soberba com o brado cheio de humildade:

Quem (é) como Deus? Portanto, assim como Lúcifer é o chefe dos demônios, Miguel o é dos anjos, sendo o primeiro entre os serafins. Segundo, porque a Igreja o chama de Príncipe da Milícia Celeste, que está posto à entrada do Paraíso. E é em seu nome que se celebra a festa de todos os anjos. Terceiro, porque Miguel é hoje ao cultuado como o protetor da Igreja como outrora o foi da Sinagoga. Finalmente, em quarto lugar, prova-se que São Miguel é o Príncipe de todos os anjos, e por isso o primeiro entre os Serafins, porque diz São Basílio na Homilia De Angelis: ‘A ti, ó Miguel, general dos espíritos celestes, que por honra e dignidade estais posto à frente de todos os outros espíritos celestiais, a ti suplico...' ". ( Cornélio A LAPIDE, Commentaria in Scripturam Sacram, t. 13, pp. 112-114 )



A Santa Igreja Católica e São Miguel.



O pensamento da Igreja sobre São Miguel.

Desfraldai o estandarte do ilustre Arcanjo, repeti o seu grito:

“Quem é como DEUS?” (Pio XII em 8 de maio de 1940)

O pensamento da Igreja, a família de DEUS, no Novo Testamento, acerca da ação de São Miguel em serviço deste povo, como encarregado do Altíssimo para o defender e guardar, está bem patente na liturgia universal segundo aquela norma consagrada: “LEX ORANDI, LEX CREDENDI”, isto é, a lei que rege a oração oficial da Igreja, aprovada pelo Sumo Pontífice, é a lei que rege a nossa crença.

Além de outros documentos sobre São Miguel, dos Papas antigos, Sua Santidade João Paulo II na sua visita de 24 de maio de 1987, ao Santuário de São Miguel, no Monte Gargano, na Itália, fez um discurso. Não é uma encíclica, mas mostra-nos o pensar da Igreja sobre a atualidade do culto ao Príncipe e grande Chefe dos Anjos, no mundo de hoje.

Após o encontro com a população, João Paulo II realizou uma breve visita ao Santuário de São Miguel Arcanjo, templo ali construído para recordar as 4 aparições de São Miguel numa gruta da localidade, nos anos 490, 492, 493 e 1656.

Sua Santidade João Paulo II faz eco neste discurso daquilo que os últimos Pontífices têm dito ao povo cristão para que recorra a São Miguel, nesta luta tremenda entre as forças do bem e do mal, chefiadas, respectivamente, pelo glorioso Arcanjo chefe dos exércitos do DEUS Altíssimo e satanás, chefe dos demônios, os anjos caídos. O triunfo final e completo será de São Miguel com os seus Anjos, como dizem as Escrituras santas, que pelejaram contra o dragão, o diabo e os seus seguidores, precipitando-os para sempre nos abismos infernais.

Sua Santidade Pio IX, de gloriosa memória, escreveu: “São Miguel é quem tem maior capacidade para exterminar as forças malditas, filhos de satanás, que juraram a ruína da sociedade cristã”.

Sua Santidade S. Pio X, disse em 18 de setembro de 1903: “DEUS, na primeira luta, venceu, servindo-se do Arcanjo São Miguel; devemos, portanto, acreditar firmemente que a luta atual terminará triunfante e também como outrora com o socorro e ajuda deste Arcanjo bendito”.

Foi por estar convencido da realidade desta terrível luta final, que o predecessor de S. Pio X, o grande Papa Leão XIII, mandou que obrigatoriamente no fim de todas as Missas rezadas, os sacerdotes rezassem a oração a São Miguel que ele mesmo compôs, fez publicar e enviadas aos Ordinários em 1886.

O Papa Pio XII, conhecido como Pastor Angélico, proclamou em 8 de maio de 1940, que era urgente hoje, mais do que nunca, recorrer à proteção de São Miguel, lembrando que ele é o protetor e o defensor da Igreja e dos fiéis, o guardião do Paraíso, o apresentador das almas junto de DEUS, o Anjo da Paz e o vencedor de satanás”.


A visão diabólica do Papa Leão XIII.

Muitos de nós recordamos que, antes da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, os celebrantes e os fiéis, no fim de cada Missa, ajoelhavam-se para rezar uma oração a Nossa Senhora (Salve Rainha) e outra a S. Miguel Arcanjo.
Reportamo-nos ao texto desta última porque é uma oração bonita que pode ser rezada por toda a gente para seu próprio benefício:

“São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, sede nosso auxilio contra a malícia e ciladas do demônio. Exerça Deus sobre ele império, como instantemente vos pedimos, e Vós, Príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no Inferno a Satanás e os outros espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perder as almas. Amém”.

Como é que nasceu esta oração?

Transcrevo um artigo que foi publicado na revista: Ephemerides Liturgicae escrito pelo Pe. Domenico Pechenino em 1955, a págs. 58-59.
Uma manhã, o grande Pontífice Leão XIII tinha celebrado a Santa Missa e estava a assistir a uma outra de ação de graças, como de costume.
De repente, viu-se ele virar energicamente a cabeça, depois de fixar qualquer coisa intensamente, sobre a cabeça do celebrante. Mantinha-se imóvel, sem pestanejar, mas com uma expressão de terror e de admiração, tendo o seu rosto mudado de cor. Adivinhava-se nele qualquer coisa de estranho, de grande.

Finalmente voltando a si, bate ligeira, mas energicamente com a mão, levanta-se. Dirige-se ao seu escritório particular. Os mais próximos seguem-no com preocupação e ansiedade. E perguntam-lhe em voz baixa: Santo Padre, não se sente bem? Precisa se alguma coisa? Responde: “Nada, nada”.

Daí a uma meia hora manda chamar o Secretário da Congregação dos Ritos, e estendendo-lhe uma folha de papel, manda fazê-la imprimir e enviar a todos os Ordinários do mundo. Que assunto continha? A oração que rezávamos no fim da missa com o povo, com a súplica a Maria e a invocação ardente ao Príncipe das milícias celestes, implorando a Deus que precipite Satanás no inferno.

Naquele escrito ordenava-se igualmente que as orações fossem rezadas de joelhos. Também foi publicado no jornal La Settimana del Clero, em 30 de Março de 1947, não sendo citada a fonte que deu origem à notícia. Será contudo notada a maneira insólita como esta oração, enviadas aos Ordinários em 1886, foi mandada rezar.
Para confirmar aquilo que o Pe. Pechenino escreveu, dispomos do testemunho irrefutável do Cardeal Natalli Rocca, que na sua carta pastoral para a Quaresma, emanada de Bolonha em 1946, diz:
“Foi mesmo Leão XIII quem redigiu esta oração. A fase (Satanás e os outros espíritos malignos) que vagueiam pelo mundo para perder das almas tem uma explicação histórica que o seu secretário particular Mons. Rinaldo Angeli, nos contou várias vezes:
Leão XIII teve verdadeiramente a visão de espíritos infernais que se adensavam sobre a cidade eterna (Roma); e foi desta experiência que nasceu a oração que ele quis toda a Igreja rezasse. Esta oração rezava-a ele com voz viva e vibrante: ouvimo-la muitas vezes na Basílica do Vaticano.

Mas isto não é tudo: ele escreveu também por suas próprias mãos um exorcismo especial que figura no Ritual Romano (ed. 1954, tit. XII, c.III, pág.863 e seg.). Recomendava aos bispos e aos sacerdotes que rezassem muitas vezes estes exorcismos nas suas dioceses e paróquias. Ele próprio o fazia muitas vezes durante o dia.

Também é interessante ter em conta um outro acontecimento que reforça ainda mais o valor desta oração que se rezava no fim de cada Missa. Pio XI quis que, ao serem rezadas estas orações, se pusesse uma intenção particular pela Rússia (alocução de 30 de Junho de 1930). Nesta alocução, depois de ter lembrado as orações pela Rússia que ele próprio tinha pedido a todos os fiéis a quando da festa do Patriarca S. José (19 de março de 1930) e, depois de ter lembrado a perseguição religiosa na Rússia, concluiu com estas palavras:
“E para que todos possam sem fadiga e sem obstáculos continuar esta santa cruzada, decidimos que as orações que o nosso bem amado predecessor Leão XIII ordenou aos sacerdotes e aos fiéis que rezassem depois da Missa, sejam ditas por esta intenção particular, isto é, pela Rússia. Que os bispos e o clero secular e regular tomem ao seu cuidado informar os fiéis e aqueles que assistem ao Santo Sacrifício, e que não se esqueçam de lhes lembrar estas orações (Civiltà Cattolica, 1930, vol.III).

Conforme se pode constatar a presença aterrorizadora de Satanás foi claramente tida em conta pelo Pontífice; e a intenção que Pio XI, tinha acrescentado, visava mesmo o fundamento das falsas doutrinas difundidas no nosso século, que envenenaram não só a vida dos povos mas também dos próprios teólogos. Se a disposição tomada por Pio XI não foi respeitada, a falta deve-se àqueles a quem tinha sido confiada; inseria-se perfeitamente no âmbito dos avisos carismáticos que o Senhor havia dado à humanidade através das aparições de Fátima, embora mantendo-se independente desta: Fátima ainda era desconhecida do mundo. (Pe. Gabriele Amorth.)

O Exorcismo de Leão XIII, que nos mostra a ação nefasta do maligno, nos nossos dias, vê como é necessário recorrer à poderosa intercessão da Virgem Maria e de São Miguel, no ataque contra as forças do mal, quer se trate de males físicos como da alma. Inimigo dos homens, satanás tem inveja deles e ainda quando parece ajudá-los favorecendo-lhes uma vida de dinheiro, sensualidade e sorte, é sempre tendo em mira a sua condenação eterna.

Nenhum comentário: